quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
ah, já íamos esquecendo...
Intercâmbio blogosférico
James Lovelock e o aquecimento global Carlos Rungruangsakorn L. |
Santiago / Meio Ambiente – Para quem não o conhece, James Lovelock, é um cientista independente inventor do detetor dos compostos CFCs e de numerosos instrumentos científicos para a indústria espacial. É considerado um dos pais do ambientalismo, ainda que não se leva muito bem com os verdes e é autor da teoria de Gaia (1969), a qual considera que a terra funciona como uma espécie de macroorganismo contravindo em muitos pontos a teoria da evolução darwiniana. Recentemente publicou um livro titulado A Vingança de Gaia (2006), no qual nos dá conta que todos os cálculos efetuados até agora ficaram curtos e portanto a forma de relacionar-nos negativamente terá suas conseqüências em duas gerações, isto é, em nossos netos ou, em termos temporários, antes de finalizar este século. Há 2500 anos Confúcio já havia advertido sobre a íntima relação entre o ser humano com o meio ambiente: "o que você fizer à natureza, ela também fará para você ". De acordo com as diferentes conferências; estudos; livros; reportagens; seminários e populares documentários como Uma Verdade Incômoda, fita do ex vice-presidente dos Estados Unidos e recente ganhador de um Oscar, Al Gore, injetaram alguns graus de consciência na cidadania e geraram certo nível de debate público sobre o perigo no qual estamos vivendo, devido ao aquecimento global. No entanto, a maioria das análises deixa entrever a sensação de que ainda estamos a tempo e que de algum modo há esperanças (com o paradoxo de que apesar das mensagens, ainda persistimos em nosso comportamento habitual que é inconscientemente antiambientalista). Contrário a esse estado otimista, Lovelock manifesta que as discussões e as medidas atuais sobre o aquecimento global (ex: Protocolo de Kyoto), deveriam ter sido tomadas há cem anos e que os níveis de contaminação atmosférica atingidos no presente tornam impossível sua melhoria em tempos humanos. Pelo contrário, estaríamos vivendo o princípio de uma mudança muito profunda no ecossistema do planeta. Não se pode fazer retroceder uma bala depois que foi disparada. Deste modo, o panorama é sombrio já que no final do século a população, segundo Lovelock, reduzir-se-á talvez a quinhentos milhões de pessoas, vivendo no Ártico. Neste sentido, Lovelock grafica: "definitivamente, antes deste século acabar, Londres estará inundado e todas as zonas litorâneas, Bangladesh, por exemplo; o país inteiro desaparecerá sob as águas. E seus 140 milhões de habitantes tentarão deslocar-se a outros países… Onde não serão bem recebidos. Em todo mundo haverá muitas guerras e muito sangue". Todos os governos deveriam preparar-se para este cenário, porque diante desse quadro surgirão pressões migratórias, refugiados ambientais, escassez energética; perda de grandes áreas cultiváveis; senhores da guerra e as anunciadas guerras por água. Este ambientalista é um cientista independente, pode permitir-se dizer a verdade de forma bem mais incômoda que Al Gore, sem render respeito a nenhuma corporação, governo ou sistema econômico. Além disso, de algum modo deve representar os cientistas silenciados que por diversas razões não podem comunicar em massa suas conclusões. Sobre a América Latina, até o momento, só angariei informação de sua opinião a respeito do que vai passar na floresta amazônica. Desconheço o prognóstico do Dr. James Lovelock sobre o que ocorreria no cone sul. No entanto, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (2007) diz que o Chile não escaparia destes problemas. Por exemplo, projeta-se que no extremo norte haveria maiores precipitações, enquanto, na zona central até o Maule se transformaria em uma extensão de nosso deserto de Atacama; uma parte importante do setor litorâneo do extremo sul ficaria inundado, e o habitável para os seres humanos se reduzirá à região desde Chillán até o sul. Provavelmente teremos refugiados ambientais nacionais e fortes pressões migratórias dos países com os quais temos limites ou inclusive de outras latitudes. Além disso o Estado, como é conhecido atualmente, deverá reger-se por outros princípios e obviamente tanto o sistema econômico como o modo de vida atual também não poderão ser os mesmos, visto que ficaria demonstrado que depois do desastre humano e natural, ambos sistemas seriam incompatíveis com a vida do planeta e com nossa própria vida como espécie. Se as previsões de James Lovelock forem realmente certeiras, creio que a tarefa atual é criar as melhores condições para a vida de nossos filhos e netos. O Chile tem territórios onde seus habitantes têm a possibilidade de sobrevivência, diferindo de outras regiões onde as pessoas não têm para onde fugir. Portanto, é necessário que os políticos visionários, e nós mesmos, comecemos a desenvolver uma estratégia nacional que possa enfrentar da melhor maneira possível a vingança de Gaia. Fontes: El retorno del creador de Gaia. Entrevista de Rosa Montero. El País Semanal. Espanha, 2006. James Lovelock: Nuclear power is the only green solution. The Independent. UK. 2004. The Independent Onlilne. 16 de janeiro 2006. |
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
É a questão ambiental uma questão política?
Uma questão que sempre vem à tona quando se iniciam debates sobre o meio ambiente é: será que os técnicos não seriam as pessoas mais indicadas para tomar a frente dos debates? Por outro lado, se o meio ambiente atinge e diz respeito a todos, por que tratar este fato em um partido político?
Inicialmente, ainda que as pessoas estejam colocadas igualmente dentro de um mesmo planeta, a sua inserção social, sobrevivência e consumo geram conseqüências e impactos diferentes no ambiente. Dessa forma, discutir o consumo e as relações sociais dentro de um determinado modelo produtivo é ir além das análises dos impactos ambientais – é se reverter às suas causas.
Por outro lado, mesmo que sujeitos aos mesmos fatores ambientais e meteorológicos, quando um cataclismo ocorre em determinado território, seus efeitos reverberarão de maneira desigual nas pessoas, pois desigual é a forma como os grupos sociais dividem os benefícios da economia. Dessa maneira, parece claro que as ações/recomendações partidárias devem ter uma visão política quando se trata da adoção de políticas públicas aplicáveis às questões ambientais.
Dessa forma propõe-se:
· O retorno da política na discussão da questão ambiental;
· Entender o desenvolvimento sustentável como processo de mudança em que o uso de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais concretizem o potencial de atendimento das necessidades humanas do presente e do futuro;
· As cidades – que são os locais onde as contradições do modo capitalista se explicitam e que abrigam 70% da população brasileira – sejam o foco da atuação ambiental do partido;
· Pensar a sustentabilidade urbana no sentido de se estabelecer formas de uso dos recursos naturais – renováveis e não renováveis – nos circuitos de reaproveitamento dos resíduos, no destino dos dejetos, nos traçados e na estrutura urbana, na impermeabilização dos solos, mas, principalmente, nos aspectos participativos da gestão urbana;
· Considerar a igualdade e a justiça social como principal meio para a possibilidade de preservação tanto da humanidade quanto do ambiente natural;
· Que a luta ambiental deva tratar de água nas edificações, com captação e tratamento dos esgotos, pela adoção de sistemas de permeabilização do solo, pela priorização do transporte coletivo, pela geração de moradias populares fora das áreas de risco geológico e de enchentes;
· Retomar a discussão sobre o conceito de ecodesenvolvimento, entendido como um novo sistema de valores sustentado no equilíbrio ambiental, na justiça social, na não violência, na cultura da paz e na solidariedade entre os povos;
· Pela incorporação da função ambiental à função social da propriedade de forma a ampliar sua utilização nas áreas urbanas.
A questão ambiental no PPS deveria propor uma política de reversão de prioridades – descentralizando o poder e democratizando a gestão, integrando o ambiente construído ao meio ambiente natural, potencializando os recursos locais, utilizando técnicas adequadas para cada região, estimulando projetos que gerem recursos para a população, ampliando a infra estrutura básica e melhorando a qualidade dos serviços nos bairros mais afastados e carentes, significando a materialização de uma nova cultura de gestão urbana baseada na construção da cidadania e na garantia ao direito à vida da população e de seus descendentes.
sábado, 14 de fevereiro de 2009
AGENDA 23: O Desafio da Cidadania Sustentável
Uma das características orgânico-sistêmicas da Agenda 21 é que, para a aplicação dos seus princípios faz-se necessária a participação representativa de todos os atores de um determinado território, entre eles o poder público, o setor produtivo e a sociedade civil.
Agregar à vida orgânica de cada instância partidária os princípios e propósitos da Agenda 21 pode contribuir para que, nos diversos momentos em que se faça necessária, a mobilização dos militantes e da sociedade se dê com resultados positivos tanto nas demandas próprias do dia-a-dia, como nos embates eleitorais.